Quarta-feira, 6 de Maio de 2015
O respeito pela opinião contrária...

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Durante o último período eleitoral para os Corpos Sociais do Vitória, Júlio Mendes lamentou o facto de não haver uma outra lista concorrente, pois considerava que assim se perdia a oportunidade de fazer “um confronto de ideias” sobre o clube. Afirmava “não gosto de unanimismos” e “convivo muito bem com opiniões contrárias”. E eu sorri ao ouvir essas palavras da boca do nosso Presidente...

Convivo muito bem com opiniões contrárias

Relembrei estas palavras ao tomar conhecimento dos mais recentes critérios comerciais do nosso Departamento de Marketing.

Parece uma associação um pouco confusa, não parece ?  Eu explico...

 

Primeiro, os factos...

Facto 1 - O Departamento de Marketing do Vitória pôs recentemente à venda nas lojas do nosso clube, o livro “Desporto em Guimarães, dos Primórdios à Atualidade”, um dos dois livros editados pela Cidade Europeia do Desporto Guimarães’2013. 

Facto 2 - Decidiu ainda, não fazer o mesmo ao outro livro editado pela mesma CED'2013 -  “O Álb’oon de Miguel Salazar”, o livro de que sou autor.

Em consequência destes dois factos, levanta-se então a dúvida sobre qual terá sido o critério que esteve subjacente a esta segunda decisão (e que não à primeira).

Em boa verdade tenho ainda uma outra pequena curiosidade, que é a de saber se esta decisão do Departamento de Marketing do Vitória, de não-comercialização do segundo livro, foi tomada com conhecimento da Direcção e do seu Presidente. Tenho as minhas dúvidas...

Mas voltando ao essencial, que fique portanto muito claro que aquilo que está em causa não é obviamente a decisão de comercializar o livro sobre o Desporto em Guimarães, cujo conteúdo, importância e qualidade são mais do que suficientes para justificar a (excelente) opção tomada, mas apenas tentar perceber quais serão os reais motivos que poderão ter levado à decisão de não comercializar "O Álb'oon de Caricaturas".

 

Poderá ter sido pela pertinência do conteúdo ?

Mas então se a esmagadora maioria das caricaturas e dos cartoons são referentes a atletas, treinadores e dirigentes Vitorianos, retratando um pouco da História do nosso clube, e os poucos desenhos que não o são, referem-se a personalidades Vimaranenses, qual seria o sentido da decisão ?

Terá sido pela falta de interesse do livro ?

Isso ainda parece menos provável. A exposição dos trabalhos que compõem este livro, e que esteve patente ao público no centro da cidade durante 3 meses, foi visitada por mais de 2.200 pessoas, na sua maioria vitorianos (apesar de nunca ter merecido uma simples referência no sítio oficial do Vitória Sport Clube). A exposição suscitou o interesse de 4 televisões nacionais (RTP, SIC, TVI e Correio da Manhã TV), que fizeram reportagens sobre a mostra e até uma entrevista em estúdio (em directo num serviço noticioso da RTP1). Esta mesma exposição deu origem a várias outras entrevistas, na LocalVisãoTV, na Rádio Fundação, na revista Bigger magazine e no jornal Arriva, e foi anunciada por 11 diferentes órgãos de informação regional e em 6 da imprensa nacional (O Jogo, A Bola, O Primeiro de Janeiro, Jornal de Notícias, Público e na revista Visão). A exposição foi ainda anunciada por 27 vezes na blogosfera e na internet em geral. O que é mais curioso é que toda esta gente tenha encontrado tanto interesse na divulgação da exposição, ao contrário do Departamento de Marketing do Vitória que lamentavelmente a ignorou por completo, tal como parece querer continuar a fazer agora com o livro.

Terá sido pela falta de qualidade do seu conteúdo ?

Vão perdoar-me a imodéstia, mas essa também não deverá ter sido a razão, pois todas as críticas que se ouviram e escreveram sobre a exposição (mais de 70) e a respeito do próprio livro, foram bastante positivas e até elogiosas.

Então, terá sido algum problema relacionado com a Editora ?

Mas se a Editora é a mesma, com certeza não há-de ter colocado quaisquer entraves à sua comercialização. Pelo contrário, teria todo o interesse em que ambos fossem comercializados nas lojas do clube.

É realmente intrigante esta decisão do Departamento de Marketing. Porque razão se terão recusado a comercializar um livro cheio de caricaturas e cartoons do Vitória, que retrata parte da História do clube, cuja exposição suscitou tanto interesse do público Vimaranense e Vitoriano, e ainda da imprensa local, regional e até nacional? Porque razão o terão preterido em relação a outro em que o Vitória é apenas uma pequena fracção do mesmo? Até porque a comercialização de ambos, em simultâneo, não seria incompatível. É tão pouco clara a razão que os levou a decidir assim...

Ou melhor, seria, se não fosse já sobejamente conhecida a intolerância e a mesquinhez por parte desta Direcção (ou pelo menos de parte dela), em relação a todos os que ousam dar voz ao seu sentido crítico.

Uma atitude intolerante que até já levou ao aparecimento de uma sinistra Guarda Pretoriana que diariamente vasculha e passa a pente fino toda a blogosfera Vitoriana e o Facebook, sempre disponível para insultar e ofender todos aqueles que têm a ousadia de dar voz à sua discordância e cujo discurso não comece ou acabe em “mééééé”.

Eu sou apenas mais um dos que já foram proscritos pela actual Direcção (ou, pelo menos, por alguns dos seus membros). Não gostaria no entanto que este texto fosse interpretado como um lamento pessoal, primeiro porque realmente não o é, e depois porque esta discriminação é algo que muito honestamente não me atinge.

Aquilo que eu não posso nem quero, é deixar de denunciar uma atitude vingativa e injustificada, perpetrada por quem tem a obrigação de servir o nosso clube, e não de se servir dele para dar largas aos seus sentimentos mais intolerantes, mesquinhos e vingativos.

Eu posso não saber a que nível é que esta decisão do Departamento de Marketing foi tomada, e se o foi com conhecimento ou não de toda a Direcção do clube, mas independentemente dela ter passado ou não por Júlio Mendes, não é aceitável que se ande a proclamar o sã convívio com as opiniões contrárias, ao mesmo tempo que se tomam (ou se permite que sejam tomadas) decisões deste tipo.

Bem se pode gritar aos sete ventos que se quer ouvir os sócios, mas a verdade é que actualmente apenas se pretende identificar as vozes que lhes são críticas, de modo a poder hostilizá-las e tentar silenciá-las. Como eu não sou mais do que os outros, estão a tentar fazer o mesmo comigo. Só que...

... comigo (como com muitos outros) não terão sorte nenhuma...

 

Miguel Salazar

revista Mais Guimarães

 

 

NOTAS FINAIS:

Aquilo que eles provavelmente não sabem, é que eu não ganho um cêntimo que seja na venda do livro, pois os proventos da sua comercialização revertem integralmente a favor da Editora, pelo que não é a mim que eles estão a prejudicar.

Aquilo que eles provavelmente também não sabem, é que aquilo que já há alguns anos eu vou fazendo em prol do clube (independentemente de poder ser considerado pouco ou muito), e por quase todas as suas modalidades, sempre foi feito de um modo absolutamente gracioso.

Em boa verdade somos muitos os Vitorianos que trabalham assim graciosamente para o clube.

Se calhar nem querem saber...



publicado por Miguel Salazar às 23:57
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2 comentários:
De anónimo a 14 de Maio de 2015 às 23:26
Os regimes autoritários sempre tiveram uma caraterística comum e que consiste no aparecimento de sabujos que julgam agradar ao poder fazendo o trabalho sujo sem serem solicitados.


De Miguel Salazar a 15 de Maio de 2015 às 11:43
Nem mais, meu caro.
É essa a essência dos sabujos... ou a falta dela...


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