No início do século XVII, o castelhano Miguel de Cervantes Saavedra escreveu aquela que é hoje considerada como sendo a sua obra mais emblemática, com o título original de El ingenioso hidalgo don Quixote de la Mancha.
Don Quijote de la Mancha, como se tornou mais célebre, era ainda conhecido pelo Cavaleiro da Triste Figura.
O protagonista desta história é Dom Quixote, um pequeno fidalgo castelhano que perdeu a sua sanidade mental depois de ter lido demasiados romances de cavalaria.
A partir de determinada altura, a sua insanidade acabou por o levar a convencer-se de que seria mesmo um dos heróis desses romances épicos de que tanto gostava.
Dom Quixote, tinha como seu fiel amigo e companheiro, Sancho Panza, que é definido por Miguel de Cervantes como sendo um “homem de bem, mas de pouco sal na moleirinha”.
Dom Quixote, sempre acompanhado pelo seu escudeiro, resolveu então partir à aventura, enfrentando inimigos que apenas existiam na sua imaginação perturbada.
Apesar de se tratar de meros moinhos de vento, Dom Quixote conseguia ver em cada um os seus rivais e inimigos, numa enorme e permanente alucinação.
Desde então, e até aos dias de hoje, muitas representações já foram feitas a partir da história de Dom Quixote e Sancho Pança.
As mais recentes, em Portugal, tiveram as suas estreias em Guimarães, no estádio Dom Afonso Henriques.
A primeira esteve a cargo de uma companhia de teatro de Lisboa, e teve como principais protagonistas dois artistas muito engraçados – Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus.
Neste último fim-de-semana, foi a vez de uma outra companhia (esta do Porto) apresentar nos principais papéis, Jorge Nuno Pinto da Costa e André Villas-Boas, o primeiro já há muito reconhecido como sendo um dos maiores talentos da “stand-up comedy” nacional, e o segundo que surge agora como uma enorme revelação – um verdadeiro talento emergente.
Uma característica comum a estes quatro artistas é o empenho e a dedicação que cada um tem posto nas suas representações. Uma outra, é a predilecção de todos pelo papel de Dom Quixote, o que tem feito com que se tenham revezado na interpretação do Cavaleiro da Triste Figura.
As apresentações das duas companhias de teatro foram de elevadíssima qualidade, o que não tem permitido que haja um verdadeiro consenso sobre qual das duas terá sido a melhor e mais bem conseguida.
Não há consenso sobre a melhor apresentação, nem tão pouco sobre o melhor artista.
Sendo a alucinação e o afastamento da realidade, a principal característica da personagem de Dom Quixote, não é possível apontar qual dos quatro tem sido o melhor actor, dada a excelência do desempenho de cada um.
O problema mais preocupante é que, em todos os casos, os artistas nunca mais conseguiram deixar de representar o papel de Dom Quixote, desde que o mesmo lhes coube em cena.
Aquilo que hoje mais se teme é que a experiência da interiorização da personagem tenha sido tão intensa que, tal como Dom Quixote, já não sejam capazes de distinguir mais aquilo que é a realidade daquilo que é apenas ficção…
E depois, no meio de todo este cenário quixotesco, continua impávido e sereno o nosso Manuel Machado que, ignorando os quatro Cavaleiros das Tristes Figuras, lá vai levando a água ao seu moinho...
José Rialto
post scriptum
Moinho que, sendo o nosso, cada vez assusta mais estes Cavaleiros das Tristes Figuras !
(cartoon publicado no Dom Afonso Henriques e no Depois Falamos)
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