Quinta-feira, 28 de Outubro de 2010
Dom Quixote de la Mancha (2)...

"É pois de saber que este fidalgo, nos intervalos que tinha de ócio (que eram os mais do ano), se dava a ler livros de cavalaria, com tanta afeição e gosto, que se esqueceu quase de todo o exercício da caça, e até da administração dos seus bens (...) tanto naquelas leituras se enfrascou, que as noites se lhe passavam a ler desde o sol-posto até à alvorada, e os dias, desde o amanhecer até ao fim da tarde. E assim, do pouco dormir e do muito ler, se lhe secou o cérebro, de maneira que chegou a perder o juízo"

em D.Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes Saavedra

 

Muito se tem discutido sobre as causas que levaram ao intrigante comportamento de Luís Filipe Vieira.

A teoria mais recente, defende a tese de que as causas que lhe estão subjacentes são muito mais antigas do que aquelas que foram explicadas num artigo anterior (ver Dom Quixote de la Mancha…).

Segundo esta nova teoria, a história de presidente do Benfica também é muito semelhante à de Dom Quixote, mas de um modo diferente. A Luís Filipe Vieira, aquilo que lhe terá tirado o pouco tino que ainda tinha, terão sido outras leituras que não as de livros de cavalaria. O que o terá feito perder de vez o seu já parco juízo terá sido a leitura compulsiva dos pasquins desportivos, míopes, subservientes e sabujos, que intoxicam a nossa praça. A isto, acrescerão ainda as longas e penosas horas de autêntica lavagem ao cérebro, perpetradas pelo canal do clube.

Em boa verdade, não seria fácil sobreviver com sanidade a tanta intoxicação, pelo que outra coisa não se poderia esperar que não fosse a mais completa perda de ligação à realidade…

Depois de anos seguidos a vender autêntica banha da cobra aos sócios, prometendo-lhes equipas de sonho, capazes de limpar campeonatos nacionais e de arrasar ligas dos campeões, iludindo-os com a ideia de que a nação benfiquista era quase maior do que a própria nação portuguesa, e de que o clube iria crescer rapidamente até uns inigualáveis 300 mil sócios (em 2006 !!!), este Cavaleiro das Figuras Tristes perdeu a noção da sua real dimensão e até da importância relativa do futebol.

Os delírios megalómanos desta cópia barata de Dom Quixote de la Mancha, já lhe permitiu arrogar-se ao direito de exigir audiências a Ministros, demissões de Secretários de Estado, retractações públicas de Presidentes de Comissões de Arbitragem, e execuções sumárias de todos os árbitros que ousarem não lhe prestar pública e notória vassalagem. Chegou ao cúmulo de instruir sócios e simpatizantes a não apoiar a equipa nos jogos fora do seu estádio !!!...

Mas muito pior do que todos estes delírios de grandeza, é a importância que lhe tem sido atribuída por instituições das quais se espera outra responsabilidade e isenção, e que têm a obrigação de se dar mais ao respeito.

É uma subserviência que se constata e, acima de tudo, se lamenta…

Ao contrário da versão original, esta cópia barata de Dom Quixote não se satisfaz em declarar guerra a moinhos de vento e a rebanhos de cabras.

Este Dom Quixote, cujo desatino faz o do cavaleiro original parecer apenas uma pequena excentricidade, é bem capaz de um dia declarar guerra ao Mundo, se este tiver a ousadia de se recusar a prostrar-se a seus pés…

Povos do Mundo inteiro, tende cuidado !

Dom Quixote de la Mancha – o intrépido Cavaleiro das Figuras Tristes – renasceu e está completamente fora de si…

 

José Rialto

 

(cartoon publicado no Depois Falamos)

 



publicado por Miguel Salazar às 19:12
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