“Era José de Meyra filho de um distinto médico vimaranense, o Dr. Joaquim de Meira. (…)
José revelara desde muito jovem, quando ainda aluno do liceu, marcada tendência para o desenho, chegando mais tarde a colaborar em vários periódicos, como na Nova Silva (1907) e n’ A Farsa (1909-10). Nascido em 1 de Novembro de 1887, faleceu em 30 de Outubro de 1911, apenas com 24 anos. Frequentava então o 3.º ano do curso de Medicina na Universidade de Coimbra, e só durante as férias o víamos por Guimarães. Era um rapaz de baixa estatura e ombros largos, muito aprumado, trajando correctamente, como um verdadeiro dandy, cara impecàvelmente escanhoada, um sorriso irónico a aflorar-lhe sempre aos lábios, feições expressivas e monoclo que atrevidamente assestava, tinha sempre um comentário espirituoso a fazer, uma anedota a contar, uma chalaça a propósito.
Com 18 anos de idade reunia já, num volumoso álbum, uma interessantíssima colecção de caricaturas de que era autor, retratando uma série de pessoas bem conhecidas no meio vimaranense: - artistas, fidalgos, capitalistas, médicos, jornalistas, militares, polícias, professores, clérigos, juristas, mercadores, letrados, estudantes, etc., em suma, aqueles indivíduos, de configuração e aspecto mais ou menos caricaturáveis, com quem diàriamente nos cruzávamos nas ruas da cidade, a passearem despreocupadamente, ou indo à sua vida de trabalho, atendendo fregueses ao balcão das suas casas de comércio, predicando nas igrejas ou ensinando nas aulas do local, cavaqueando à mesa dos cafés ou reunidos nas tertúlias da Tabacaria Havaneza, da Farmácia do Rodrigo Dias, da Relojoaria do Jácome, ou da loja do João Gualdino.
Essa curiosa e alegre colectânea de retratos caricaturais de figuras provincianas fizera sucesso, andava então na boca de toda a gente e todos manifestavam vivo interesse e curiosidade em a ver e apreciar, para estímulo de gargalhadas de bom humor; mas poucos a conheciam, porque o Meyra apenas mostrava o seu Álbum das Glórias aos amigos, ou a pessoas compreensivas e de certa cultura, que não se escandalizassem ao depararem com a imagem da sua vera efígie mais ou menos deformada, còmicamente exagerada nas suas linhas e características fisionómicas pelo lápis irónico e as aguarelas do irreverente caricaturista.
As imagens contidas no famoso álbum eram, na sua maior parte, comentadas e ilustradas com versos a propósito, ali lançados pelo irmão do artista, historiador, escritor e poeta Dr. João de Meira, homem de invulgaríssimo talento. (…)
Falecido o autor da interessante colectânea de desenhos humorísticos representando figuras populares de Guimarães, e morto igualmente o poeta seu colaborador, entrou na posse do curioso Álbum das Glórias o único irmão que restava vivo, o Dr. Gonçalo Meira. Finalmente, pelo falecimento recente deste último, em 13 de Abril de 1967, os seus descendentes tomaram a benemérita resolução de oferecer o valioso álbum de caricatura e poesia à Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento, o qual deu entrada na Secção de Reservados nesse mesmo ano.”
Mário Cardozo
Fontes de pesquisa:
ligações familiares
sou surda, e depois ? (sofia salazar)
ligações vitorianas
ligações atletas vitorianos
ligações ex-atletas vitorianos
ligações atletas vimaranenses
ligações vimaranenses desportivas
outras ligações vimaranenses
ligações adversárias
(belenenses) belenenses ilustrado
ligações desportivas
ligações ilustres vimaranenses
ligações humorísticas
henrique monteiro (henricartoon)
museu virtual do cartoon (portocartoon)
osvaldo de sousa (humorgrafenews)
zé oliveira (buraco da fechadura)
ligações ilustração e bd
ligações poéticas
outras ligações