Na noite da véspera de Natal, confortavelmente sentado na minha poltrona em frente à lareira, acabei por me deixar adormecer. Não sei se foi do calor reconfortante da lareira e do efeito hipnotizador das suas chamas, se foi do conforto da poltrona, ou simplesmente do cansaço acumulado. Facto, facto é que adormeci mesmo... e sonhei...
Rui Vitória estava inconsolável, de braços abertos, virado para Júlio Mendes... vestido de Pai Natal. O nosso treinador nem queria acreditar naquilo que viam os seus olhos. O plantel estava a ser desmantelado outra vez. Uma vez mais. Alguns dos seus melhores jogadores já estavam dentro do saco de prendas do Pai Natal, e a direcção que levavam não era a do seu sapatinho...
– Não estou a perceber… Mas afinal, o Pai Natal dá ou tira?
– Vamos ver, eu para poder dar as minhas prendas, tenho de as ir buscar a algum lado, não?
– E vai tirar-me esses jogadores todos?
– Vamos ver... Para já levo estes, mas depois venho buscar mais.
Rui Vitória estava cada vez mais desesperado. E o Pai Natal, na sua infinita generosidade, resolveu consolá-lo...
– Vamos ver, Mister, não desespere. Se quiser, também o levo a si na próxima remessa.
– Levar-me embora, Presidente? Mas eu ainda gostava...
– Deixe-se lá de sentimentalismos, homem. Aproveite que eu já disse que não lhe quero cortar as pernas.
De repente (que nesta coisa de sonhos e pesadelos, tudo acontece muito de repente) já estavam todos dentro do saco do Pai Natal (o treinador e o próprio Presidente incluídos).
Com um sorriso quase maquiavélico, Júlio Mendes (o que estava vestido de Pai Natal) ainda disse entredentes...
– Levo-o a si... e eu aproveito e também vou. Vamos ver... se calhar já nem preciso de passar pela Liga. É isso! Vou oferecer-me directamente à Federação. Vai ser uma prenda extraordinária.
Rui Vitória não ouviu por certo estas últimas palavras, pouco mais do que ciciadas, mas eu senti-as como facas que se espetavam nas minhas costas. As gargalhadas de Júlio Mendes, sinistras, ainda ecoavam na minha cabeça, mas ironicamente foram também elas que me arrancaram deste terrível pesadelo e me trouxeram de volta à poltrona da minha sala e ao calor da minha lareira. As gargalhadas que agora ouvia eram muito mais reconfortantes. “Ho, ho, ho”... O Pai Natal, o legítimo, tinha acabado de entrar na minha sala. E desta versão mais tradicional do Pai Natal, gostava eu. Este só vinha mesmo entregar presentes. Não vinha tirar nada a ninguém...
José Rialto
(este cartoon foi desenhado para o sítio da Associação Vitória Sempre)
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