Já era tarde quando o rapazinho Mouro chegou aos limites da cidade. À revelia de Afonso, Egas tinha chegado a acordo com o Xeique Khadafi, o grande Mercador de Rodas de Carroça, das terras Mouras de Beira-Tejo, e o rapazinho vinha agora fazer um estágio nas tropas d’El-Rei. Foi mesmo antes das muralhas se fecharem. Quase não conseguia entrar. Na manhã seguinte, foi levado à presença de Afonso, já com a túnica das tropas d’El-Rei.
Afonso - Então és tu que te queres juntar a mim? E como te chamas tu, meu rapaz?
Bruno Gaspar - Bruno Gaspar...
A - Gaspar? Como o Rei Mago? De facto, olhando bem, pareces meio Mouro...
BG - Mas Majestade, eu até tive o cuidado de me apresentar já devidamente fardado...
A - Por cima, sim. Mas olhando para o que trazes por baixo, fico com a ideia de que ainda não despiste a camisola dos Mouros...
BG - Eu não tirei as roupas porque vou ficar por pouco tempo. Aprendo o que Vossa Majestade tiver para me ensinar e depois volto logo para o Grande Xeique. É assim uma espécie de Erasmus, está a ver? Diz ele que quanto menos eu fizer por Vós, melhor.
A - Isso é que é pior... Bem, e o que é que o Xeique me manda de presente, rapaz?
BG - Incenso, Majestade.
“Tal como os Reis Magos” pensou imediatamente Afonso...
A - Vens da terra dos Mouros, chamas-te Gaspar, trazes incenso... Ouve lá, tu não te terás enganado no caminho? É que tanto Belém como Jesus, ficam lá para os lados da terras Mouras de Beira-Tejo. Assim como Santa Maria e São José. E, para além de tudo isso, se te tivesses deixado guiar por uma estrela cadente, quando desses por ela... estavas lá outra vez. Lá para a tua terra é que há muitas dessas.
BG - Não, Majestade. Eu vim para aqui porque achei que estava na altura. Precisava desta mudança.
A - Pois... Olha lá, e tu não serás alérgico a essa coisa que me trazes? É que todos os teus amigos que para cá já vieram antes de ti, eram muito dados a essas tretas, de alergias, viroses e coisas assim...
BG - É verdade, mas essas “doenças” já estão todas previstas nos nossos processos de Erasmus. Só assim é que o nosso Xeique nos deixa vir. Estão previstas as “doenças” e os dias em que elas vão acontecer. Mas não se preocupe, Majestade, que são sempre “doenças” de curta duração. Curam-se sozinhas e dum dia para o outro...
Desanimado, Afonso deitou as mãos à cabeça e lamentou-se num murmúrio que só os seus antepassados poderiam ouvir...
A - Emprestado, vestido de Mouro, e ainda por cima vai-me ficar doente quando eu mais precisar dele. Valha-me a Senhora da Oliveira. Este Egas não tem emenda. Anda outra vez a fazer coisas na minhas costas. Depois eu não cumpro e lá vai ele outra vez por aí abaixo, de corda ao pescoço, pedir desculpa...
José Rialto
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