Júlio assistia, com muito interesse, a mais um jogo das modalidades, quando subitamente adormeceu. Esta é a história do sonho que teve nessa altura...
À entrada do Céu, mesmo junto às portas do Paraíso...
- Ó meu amigo, ouça lá, você sabe onde fica o Paraíso?
- Bom dia também para ti, meu irmão. O Paraíso fica para além destas portas.
– Boa! Então chegue-se para lá e deixe-me passar, que estou com pressa.
– Calma, meu irmão. Eu sou Pedro, o Guardião das portas do Paraíso. E tu, quem és? E o que te traz por aqui?
– Chamo-me Júlio, e venho reclamar aquilo que é meu por direito.
– E vens de tronco nu? Talvez com um pouco mais de decoro...
– Tirei a camisola porque não quero que os meus amigos Presidentes pensem que ainda tenho alguma ligação ao clube em que eu mandava.
– Julgas então que já és merecedor de entrar no Paraíso?
– Claro que sim! Fiz muitas boas-acções. Demais até. Salvei a vida a um moribundo, e cumpri os ensinamentos do Pai, dando a outra face àqueles que me bateram e perdoando aqueles que me ofenderam.
– Ai sim?...
– O clube em que eu mandava, estava na miséria, moribundo, e eu salvei-o da morte certa.
– Muito bem!
– O meu querido amigo e vizinho António, esbofeteou-me um sem-número de vezes, e eu sempre dei a outra face. Está a ver a minha cara, cheia de marcas?
– Realmente. Estou a ver...
– Quando o meu grande amigo Bruno insinuou que eu só me movia por interesses pessoais, eu ignorei as suas ofensas. Quando o meu querido amigo Carlos disse que eu era um “pau-mandado”, perdoei-lhe sem esperar que se retractasse. E quando o meu queridíssimo amigo Luís me chamou “caloteiro”, também o perdoei, ainda que ele nunca tenha chegado a mostrar qualquer arrependimento.
– Muito bem, meu irmão. Julgo que ganhaste o teu direito de entrar no Paraíso, mas que mais pretendes tu ainda reclamar?...
– O que pretendo eu? Reclamar o direito a um cadeirão. Já fiz muito para o merecer. Estava a pensar no da Liga...
– O da Liga deve estar mesmo, mesmo a vagar.
– E aquele grandalhão ali, é de quem?
– Aquele é o do Pai, mas esse está, como sempre esteve, ocupado pelo Pai.
– Bem... para já, o da Liga chega...
E assim, Júlio sentou-se finalmente à direita do Pai, não conseguindo evitar lançar um último olhar, enigmático... para o cadeirão grandalhão à sua esquerda...
Ainda estava Júlio com um sorriso de enorme felicidade, quando foi arrancado ao seu sonho dourado, por uma voz que se tornava cada vez mais alta...
- Então, Presidente? Não sabia que falava a dormir...
Foi como se tivesse sido atingido por um raio. O sorriso desapareceu, e o sangue sumiu-se-lhe da face. Júlio ficou mais branco do que as camisolas do Vitória. Já com a voz trémula, e quase em pânico, perguntou...
- E... o que é que eu disse?...
- Calma, Presidente. Não disse nada. Estava a brincar consigo...
José Rialto
(este cartoon foi desenhado para o sítio da Associação Vitória Sempre)
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