Sábado, 22 de Março de 2014
O sonho do Júlio...

 

Júlio assistia, com muito interesse, a mais um jogo das modalidades, quando subitamente adormeceu. Esta é a história do sonho que teve nessa altura...

 

À entrada do Céu, mesmo junto às portas do Paraíso...

- Ó meu amigo, ouça lá, você sabe onde fica o Paraíso?

- Bom dia também para ti, meu irmão. O Paraíso fica para além destas portas.

– Boa! Então chegue-se para lá e deixe-me passar, que estou com pressa.

– Calma, meu irmão. Eu sou Pedro, o Guardião das portas do Paraíso. E tu, quem és? E o que te traz por aqui?

Chamo-me Júlio, e venho reclamar aquilo que é meu por direito.

E vens de tronco nu? Talvez com um pouco mais de decoro...

Tirei a camisola porque não quero que os meus amigos Presidentes pensem que ainda tenho alguma ligação ao clube em que eu mandava.

Julgas então que já és merecedor de entrar no Paraíso?

Claro que sim! Fiz muitas boas-acções. Demais até. Salvei a vida a um moribundo, e cumpri os ensinamentos do Pai, dando a outra face àqueles que me bateram e perdoando aqueles que me ofenderam.

Ai sim?...

O clube em que eu mandava, estava na miséria, moribundo, e eu salvei-o da morte certa.

Muito bem!

O meu querido amigo e vizinho António, esbofeteou-me um sem-número de vezes, e eu sempre dei a outra face. Está a ver a minha cara, cheia de marcas?

Realmente. Estou a ver...

Quando o meu grande amigo Bruno insinuou que eu só me movia por interesses pessoais, eu ignorei as suas ofensas. Quando o meu querido amigo Carlos disse que eu era um “pau-mandado”, perdoei-lhe sem esperar que se retractasse. E quando o meu queridíssimo amigo Luís me chamou “caloteiro”, também o perdoei, ainda que ele nunca tenha chegado a mostrar qualquer arrependimento.

Muito bem, meu irmão. Julgo que ganhaste o teu direito de entrar no Paraíso, mas que mais pretendes tu ainda reclamar?...

O que pretendo eu? Reclamar o direito a um cadeirão. Já fiz muito para o merecer. Estava a pensar no da Liga...

O da Liga deve estar mesmo, mesmo a vagar.

E aquele grandalhão ali, é de quem?

Aquele é o do Pai, mas esse está, como sempre esteve, ocupado pelo Pai.

Bem... para já, o da Liga chega...

E assim, Júlio sentou-se finalmente à direita do Pai, não conseguindo evitar lançar um último olhar, enigmático... para o cadeirão grandalhão à sua esquerda...

 

Ainda estava Júlio com um sorriso de enorme felicidade, quando foi arrancado ao seu sonho dourado, por uma voz que se tornava cada vez mais alta...

- Então, Presidente? Não sabia que falava a dormir...

Foi como se tivesse sido atingido por um raio. O sorriso desapareceu, e o sangue sumiu-se-lhe da face. Júlio ficou mais branco do que as camisolas do Vitória. Já com a voz trémula, e quase em pânico, perguntou...

- E... o que é que eu disse?...

- Calma, Presidente. Não disse nada. Estava a brincar consigo...

 

José Rialto

 

 

 

 

 (este cartoon foi desenhado para o sítio da Associação Vitória Sempre)

 



publicado por Miguel Salazar às 22:10
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2 comentários:
De Albino Simões a 23 de Março de 2014 às 13:17
Simplesmente extraordinário


De Miguel Salazar a 28 de Março de 2014 às 16:03
Obrigado, Albino.
Eu só lamento sentir que tenho de fazer cartoons deste tipo, mas a actualidade a isso me obriga...


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