Gaspar Roriz,
o padre-artista
O Padre Gaspar da Costa Roriz é uma das figuras incontornáveis das primeiras décadas do século XX em Guimarães. Nascido na rua de D. João I no dia 30 de Agosto de 1865, filho de um mestre barbeiro, nunca esqueceu a sua origem humilde nem deixou de amar a terra que o viu nascer. Sacerdote e eminente orador sagrado, era frequentemente requisitado para abrilhantar solenidades religiosas nos lugares mais diversos. Mas os seus dotes oratórios não se limitavam a actos sagrados, sendo senhor de uma verve prodigiosa com que animava todo o género de eventos, públicos ou privados. Foi jornalista (em 1899 era redactor principal do Eco de Guimarães; em 1908 fundou o Regenerador, de que era director e proprietário), professor do Liceu, poeta, dramaturgo, encenador, conferencista, político, comissário da Ordem Terceira de S. Francisco de Guimarães. Grande conversador, era presença imprescindível nas tertúlias do seu tempo, onde se destacava pela cultura, pela devoção patriótica à sua cidade e pela finura da sua ironia. Padre-artista lhe chamou um dia um colega de ofício.
Gaspar Roriz foi um dos grandes animadores das festas dos estudantes de Guimarães a S. Nicolau, desde o seu ressurgimento em 1895. Escreveu pregões, compôs e ensaiou os textos das danças, dedicou diversas composições poéticas às festas. Dedicou-lhes também o Auto da Saudade, que compôs em 1920. Não foi por acaso que foi a Associação dos Antigos Estudantes do Liceu de Guimarães, então dirigida por António Faria Martins, a tomar a iniciativa de comemorar o centenário do seu nascimento, em 1965.
O seu nome é também indissociável das festas Gualterianas, ou não fosse ele o autor da letra do Hino da Cidade de Guimarães, composto por Aníbal Vasco Leão para as festas de 1906, e o inventor da Marcha Gualteriana, que saiu à rua pela primeira vez nas festas de 1907.
Mas o que mais distinguia o Padre Roriz era a sua dedicação a Guimarães, a sua paixão pela terra natal. Por aqui, todos sabiam que a porta da sua casa nunca deixava de se franquear alegremente a quem a ela batia e dizia a senha: Por Guimarães!
A última grande cerimónia em que discursou em público foi aquando da celebração do oitavo centenário da Batalha de S. Mamede, em 1928. Nesse dia, quando soaram os clarins de um pelotão de cavalaria, vestidos como os soldados de Afonso Henriques, acompanhando o içar da bandeira na torre de menagem do castelo, e a multidão explodia em vivas e aplausos, pelo rosto do Padre Roriz corriam lágrimas de que A. L. de Carvalho foi testemunha.
A notícia da sua morte cobriu Guimarães de luto no dia 7 de Março de 1932.
António Amaro das Neves
(publicado na revista Mais Guimarães - pág.51)
"Mais quero um asno que me carregue do que um cavalo que me derrube"
Gil Vicente, em Farsa de Inês Pereira
Gil Vicente nasceu em Guimarães, por volta do ano de 1465.
Há quem defenda a possibilidade de o seu local de nascimento ter sido outro, mas essas hipóteses são menos prováveis. Gil Vicente foi um afamado Mestre Ourives e Joalheiro e uma das suas obras-primas foi a Custódia de Belém. O facto de se ter dedicado a estas artes é um dos argumentos mais fortes que tem levado os historiadores a considerá-lo como tendo origem vimaranense uma vez que, nessa altura, Guimarães era um dos centros mais importantes da Ourivesaria e da Joalharia em Portugal.
Gil Vicente celebrizou-se essencialmente como dramaturgo, embora também tivesse sido poeta. Foi o Pai do Teatro Português, e até do Ibérico. Apesar de existirem registos de vários outros nomes que o precederam, a verdade é que é inegável a sua crucial importância na História da dramaturgia portuguesa. Para além de autor, foi também músico, actor e encenador.
A obra de Gil Vicente no seu todo é essencialmente um retrato satírico da sociedade portuguesa do século XVI. Foi autor de mais de quatro dezenas de peças de teatro, de entre as quais se destacam o Auto da Barca do Inferno e a Farsa de Inês Pereira.
Gil Vicente morreu por volta do ano de 1536.
A Câmara Municipal de Guimarães decidiu honrar o seu mais ilustre dramaturgo, atribuindo o nome de Gil Vicente à rua que liga a Avenida Conde de Margaride ao Largo Navarro de Andrade, e ainda à Escola Básica 2/3, localizada na freguesia de Urgezes.
O seu nome foi também atribuído ao principal festival de teatro da cidade (Festivais Gil Vicente), que se realiza ininterruptamente desde o ano de 1987.
A mais famosa estátua de Gil Vicente, da autoria de Francisco Assis Rodrigues (1842), coroa o frontão da fachada do Teatro Nacional Dona Maria II, dominando toda a Praça do Rossio, em Lisboa.
Fernão Rinada
Fontes de Pesquisa:
Estátua de Gil Vicente, em Lisboa (blogue Terra dos Espantos)
"O Dr Joaquim é uma organização completa e harmónica, psíquica e fisicamente forte: honra Guimarães como honraria terra bem maior se nela tivesse nascido."
Cónego Moreira
Joaquim José de Meira nasceu em Guimarães no dia 19 de Março de 1858.
Licenciou-se em Medicina e foi um Cirurgião de reconhecido mérito.
Foi um destacado vulto da política local, tendo sido Procurador à Junta Distrital de Braga e Presidente do Município de Guimarães. Fez parte do grupo dos entusiastas na célebre questão política de 1885, entre Guimarães e Braga (ler aqui o que foi o Conflito Brácaro-Vimaranense).
Orador e escritor, Joaquim de Meira escreveu, com Alberto Sampaio, o Relatório da Exposição Industrial de Guimarães, de 1884. Exerceu o cargo de Director da Escola Industrial Francisco de Holanda e serviu várias vezes a Sociedade Martins Sarmento, como Presidente da Direcção, tornando-se posteriormente seu Sócio-Honorário.
Joaquim de Meira foi pai do Prof João de Meira (médico e escritor) e do caricaturista José de Meyra (que morreu prematuramente, aos 24 anos, quando também ele se licenciava em Medicina). José de Meyra foi, juntamente com João de Meira, autor de uma curiosíssima colecção de caricaturas e textos humorísticos sobre figuras típicas de Guimarães, que fazem parte do espólio da Sociedade Martins Sarmento.
Joaquim de Meira morreu no dia 25 de Junho de 1931.
A cidade imortalizou o seu nome ao dá-lo à rua que vai da Avenida General Humberto Delgado à Rua Dona Teresa, junto à Colina Sagrada.
No dia seguinte ao da sua morte, o Cónego Moreira escreveu assim a seu respeito...
"Médico, tem, na sua terra larga clínica, consideração e estima, que lhe consagram os colegas a prova do seu grande valor. Político, nunca virou de bordo nem jamais se pôs à capa quando é necessário ir avante. E é tanta a confiança que nela deposita toda a família da nau que, vendo-o ao temão nunca receou submergir-se em desonroso naufrágio. Presidindo à Câmara ou interferindo na Administração Concelhia aliou sempre a uma honestidade inconcusa o maior respeito pelo interesse geral, direitos e liberdade de todos. Fala? A frase corre-lhe fácil e só vai até onde ele quer, sem entusiasmo impróprio do temperamento que possui, sem rasgos de imaginação que se não irmanam com feitios tão positivos. Escreve? É sóbria a linguagem, mas clara e incisiva, de períodos perfeitos, ideias sãs, dedução segura. O Dr Joaquim é uma organização completa e harmónica, psíquica e fisicamente forte: honra Guimarães como honraria terra bem maior se nela tivesse nascido."
Fernão Rinada
Fontes de pesquisa:
"João de Meira (1881-1913) nasceu em Guimarães a 31 de Julho de 1881. Era filho de Joaquim José de Meira e de D. Adelaide Monteiro de Meira. O seu pai era um prestigiado médico e cirurgião, que se destacou pela sua intervenção cívica na política e na cultura locais. Seguiria as pisadas do progenitor, concluindo o curso de medicina no Porto, em 1907, com uma tese intitulada O concelho de Guimarães (Estudo de demografia e nosografia). Em 1908, concorreu a professor substituto na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, onde se formara, com um trabalho sobre O Parto Cesáreo. Dedicar-se-ia à docência naquela escola até à sua morte prematura, em 25 de Setembro de 1913. Ocupou a cátedra do seu mestre Maximiano de Lemos.
"Não, não sou português, sou mais do que isso, sou de Guimarães! Com efeito, sou de uma pátria pequenina e sólida chamada Guimarães (...) O resto, meus velhos amigos, é a fronteira de um outro mundo.”
Novais Teixeira
Joaquim Novais Teixeira nasceu em Guimarães, a 21 de Abril de 1899.
Foi literalmente um "homem dos sete ofícios": escritor, jornalista, activista político, crítico literário e cinéfilo, programador cultural, comentador de política internacional e administrador.
Emigrou para Espanha aos 20 anos, onde frequentou o meio literário e artístico, tendo-se relacionado com grandes vultos da cultura espanhola daquela época, como eram Unamuno, Garcia Llorca, Pio Baroja, Diez Canedo, Valle-Inclán ou Luís Buñuel. Colaborou com o Presidente Manuel Azaña, e chefiou o Serviço de Imprensa Espanhola. Viveu intensamente a Guerra Civil e os textos que então publicou, constituem um dos mais notáveis contributos para o conhecimento daquele período intenso e conturbado da História de Espanha. Depois da Guerra, refugiou-se em França, impedido que foi de regressar a Portugal pelo regime Salazarista.
A invasão da França pelas tropas alemãs, acabou por o conduzir ao exílio no Brasil, onde viria a dirigir a Interamericana, serviço que apoiava a causa dos Aliados. Colaborou na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, da qual foi seu Secretário-Geral. Dedicou-se à tradução, numa actividade muito intensa durante o ano de 1927, que teve particular ressonância na edição que preparou sobre as cartas do Padre António Vieira, em 1948.
Como jornalista, Novais Teixeira foi considerado um dos maiores especialistas mundiais sobre política internacional do seu tempo. Em França, foi o representante de jornais brasileiros prestigiados, como O Globo e O Estado da São Paulo. Ficaram famosas as suas reportagens na Itália e na Suíça, e os trabalhos que publicou sobre a questão franco-árabe com reportagens na Tunísia, na Argélia e em Marrocos.
Desde cedo ligado ao cinema, Novais Teixeira foi um dos mais respeitados críticos do seu tempo. Integrou os júris de prestigiados festivais internacionais de cinema, como eram os de Cannes, Locarno e Berlim, chegando mesmo a ser Presidente da Direcção da Fédération Internationale de la Presse Cinématographique. Em 1972, colaborou na organização do Festival de Cinema de Nice, que nesse ano foi dedicado ao então jovem cinema português. Em sua homenagem, o Syndicat Français de la Critique de Cinéma instituiu o Prémio Novais Teixeira, atribuído anualmente à melhor curta-metragem.
Em 1956, quando regressava a Guimarães, depois de décadas a viver no exílio, os amigos fizeram-lhe uma sentida homenagem. Durante esse jantar, realizado no Restaurante Jordão, Novais Teixeira agradeceu-lhes, num discurso que mostrava bem a maneira muito própria como sentia a sua condição de vimaranense:
“Guimarães tem sido sempre também uma das constantes da minha vida.
Em toda a parte me dou a conhecer como homem de Guimarães e, em toda a parte, me conhecem como tal.
Quando alguém me pergunta se sou português, é do meu hábito – e da minha verdade – responder:
‘Não, não sou português, sou mais do que isso, sou de Guimarães! Com efeito, sou de uma pátria pequenina e sólida chamada Guimarães (...) O resto, meus velhos amigos, é a fronteira de um outro mundo.’
No amor pelos homens, e na defesa dos seus direitos e dignidade, não reconheço fronteiras.
Mas a minha Pátria, a Pátria que me fez vibrar, a minha Pátria autêntica e forte é a Pátria da minha infância, é Guimarães!”
Joaquim Novais Teixeira morreu em Paris, em Dezembro de 1972.
40 anos mais tarde, a Capital Europeia da Cultura, Guimarães'2012, prestou a sua homenagem a Novais Teixeira, com a realização de um documentário de Margarida Gil, intitulado "O Fantasma do Novais", sobre o legado do crítico de cinema, "num cruzamento entre o passado e o presente, entre a realidade e a ficção". A CEC'2012, prestou-lhe ainda um outro tributo, com a realização de um concurso para os novos talentos portugueses. Com as "Curtas Novais Teixeira" foi possível "aumentar o património cinematográfico referente a Guimarães e incentivar o trabalho de novos realizadores, através do estímulo da visão crítica, ficcional ou política de uma cidade na Europa contemporânea".
Fernão Rinada
Fontes de pesquisa:
Fim
Alma, enfim descansa
Na desesperança.
Alma, esquece e passa:
Dorme, enfim segura
Dessa última graça
Que é toda a ventura.
E à Saudade em flor
Que o teu sonho lindo
Perfumou de amor,
Diz-lhe adeus, sorrindo…
Que Ela há-de escutar-te,
Pálida, a entender-te!
E, no espanto enorme,
Sonhando envolver-te,
Triste, há-de embalar-te
– «Dorme… dorme… dorme…» –
Como a adormecer-te.
Guilherme de Faria, em "Manhã de Nevoeiro" (1927)
Guilherme de Faria nasceu no dia 6 de Outubro de 1907, em Guimarães. Em 1919 mudou-se, com a família, para Lisboa. Suicidou-se na Boca do Inferno (Cascais), com apenas 21 anos, no dia 4 de Janeiro de 1929.
Publicou sete livros de poesia: "Poemas" e "Mais Poemas" (1922), "Sombra" (1924), "Saudade Minha" (1926), "Destino" e "Manhã de Nevoeiro" (1927) e, editado postumamente, "Desencanto" (1929); também póstuma, mas organizada de acordo com as suas indicações, foi a edição da antologia "Saudade Minha (poesias escolhidas)" (1929). Publicou ainda "Oração a Santo António de Lisboa" (1926) e organizou uma "Antologia de Poesias Religiosas" (que só seria publicada em 1947).
Guilherme de Faria foi poeta e editor, correspondeu-se e relacionou-se com os mais importantes poetas e artistas portugueses da década de 20 do século passado. A sua poesia compreende-se no contexto do Neorromantismo lusitanista e habita o âmago da tradição lírica portuguesa. Poeta de um passadismo noturno, elegíaco e doce que só se realiza em diálogo com a morte redentora, Guilherme de Faria acabou por ser esquecido, devido à sua morte tão prematura, às especificidades quase anacrónicas da sua poesia e à proximidade ideológica ao Integralismo Lusitano.
José Rui Teixeira
Em 2012 será publicada a obra "Os versos de luz por escrever – Vida e Obra de Guilherme de Faria", de José Rui Teixeira, coordenador do projeto Post-scriptum, que tem como principal objetivo restituir Guilherme de Faria à história da literatura portuguesa. Nesse sentido, desde 2006, recupera documentos do espólio do poeta, reedita a sua poesia, organiza, promove e participa em iniciativas académicas e literárias que possibilitam uma reflexão consequente sobre a vida e obra de Guilherme de Faria.
José Rui Teixeira é licenciado em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa, Mestre em Filosofia e Doutorado em Literatura pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Investigador do Centro de Estudos do Pensamento Português da Universidade Católica e do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É professor na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa e Director da Universidade Católica Editora – Porto.
A vida e a obra de Guilherme de Faria, foram alvo da tese de Doutoramento de José Rui Teixeira, que inclusivamente criou um blogue e um sítio sobre este poeta vimaranense.
Referências na Internet:
Guilherme de Faria (sítio oficial)
Eduardo Manuel de Almeida Júnior nasceu em Guimarães, no dia 3 de Fevereiro de 1884.
Estudou no Colégio de S. Dâmaso (actual Convento da Costa) e licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra.
Eduardo de Almeida foi sempre um inconformado, o que o levou a escrever, ainda em Coimbra e em parceria com Alfredo Pimenta, um polémico folheto intitulado “Burgo Podre” (1902).
Por esta altura, Eduardo de Almeida era já um republicano convicto. Foi-o sempre.
Depois de regressar a Guimarães, veio a revelar-se um causídico extremamente competente. Um dos casos mais famosos que defendeu, e venceu, foi o de Antónia de Macedo. “Tiça” (como era mais popularmente conhecida) era acusada de triplo infanticídio, mas a brilhante defesa de Eduardo de Almeida foi tão eloquente que acabou por ser absolvida de todos os crimes de que era acusada.
Em 1909 foi para o Porto, onde abriu um escritório de advocacia com Alfredo Pimenta.
Com a instauração da República, regressou a Guimarães, onde veio a ser o primeiro Administrador do Concelho, do novo regime.
Foi Deputado por Guimarães e, mais tarde, Chefe de Gabinete do Ministro das Finanças do Governo de Bernardino Machado.
Após se ter retirado da política activa, em 1915, foi redactor-principal do jornal O Republicano e Director d’ O Povo de Guimarães (1931).
Depois de 1910, a Sociedade Martins Sarmento (SMS) atravessou um longo período de crise gerado, não só pelos graves conflitos ocorridos entre a sua Direcção e a Câmara Municipal, mas essencialmente motivado por uma postura retrógrada, e ostensivamente anti-Republicana.
Só em 1921, com a nomeação de Eduardo de Almeida como Presidente da Direcção, a SMS foi capaz de recuperar o seu fulgor, reassumindo o seu papel fundamental na dinamização cultural da cidade, na defesa do património histórico, arqueológico e artístico, e de voltar a ser o principal promotor de instrução popular.
Com Eduardo de Almeida, a SMS recuperou finalmente o seu enorme prestígio, dando início a um novo ciclo que permitiu que a sociedade seja aquilo que é hoje.
Foi também nesta altura que se retomou a publicação da Revista de Guimarães.
Em 1926 terminou o seu mandato, e foi proclamado Sócio Honorário, pelos “relevantes serviços prestados”.
Voltou a ser Presidente da Direcção entre 1929 e 1931, e ainda em 1945 e 46.
Eduardo de Almeida foi um notável orador. O discurso que proferiu aquando das comemorações do centenário do nascimento de Martins Sarmento (hiperligação no final do artigo), é disso um claro exemplo.
Eduardo de Almeida foi também um escritor, tendo sido autor de algumas obras de ficção (entre elas, “A Lama”, em 1905). Colaborou com várias publicações periódicas e escreveu o seu primeiro artigo na Revista de Guimarães, em 1906. Dedicou-se aos estudos jurídicos e sociológicos. Fez investigação histórica, e publicou uma notável série de estudos dedicados à história de Guimarães.
Eduardo de Almeida morreu em 1958, estando sepultado no cemitério da Atouguia, ao lado de dois outros grandes escritores portugueses – Carlos Malheiro Dias e Raul Brandão.
Fernão Rinada
(caricatura publicada no blogue Humorgrafe)
Fontes de pesquisa:
No cinquentenário da morte de Eduardo de Almeida
Eduardo de Almeida no centenário de Martins Sarmento
“O médico que só sabe de Medicina, nem de Medicina sabe”
Abel Salazar
Abel de Lima Salazar nasceu em Guimarães, no dia 19 de Julho de 1889.
O seu pai trabalhava como secretário e bibliotecário na Sociedade Martins Sarmento, era professor de Francês na Escola Industrial Francisco de Holanda e escrevia na "Revista de Guimarães".
Abel Salazar completou a escola primária e fez parte dos estudos liceais no Seminário-Liceu, onde foi colega de Manuel Gonçalves Cerejeira, futuro Cardeal Patriarca.
Com a exclusão do Francês dos curricula escolares, a família teve de se mudar para o Porto.
Abel Salazar foi sempre um contestatário – republicano em tempo de monarquia, e democrata em tempo de ditadura. Inspirado pelo momento político, publicou com outros estudantes, um jornal escolar de pendor republicano ("O Arquivo"), que reflectia, não só os seus interesses pelos ideais revolucionários, mas também as suas aptidões artísticas, uma vez que aí desenhou caricaturas de colegas e professores.
Em 1909, matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, provavelmente por influência familiar, pois mais tarde confessaria que o seu desejo era mesmo a Engenharia Civil. Com o facto, perdeu a Engenharia e ganhou a Medicina. Obteve o seu diploma em 1915, com a apresentação da tese "Ensaio de Psicologia Filosófica", com a classificação final de vinte valores.
Com 30 anos, Abel Salazar foi nomeado Professor Catedrático de Histologia e Embriologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Fundou o Instituto de Histologia e Embriologia desta Universidade. Como investigador, foi autor de vários trabalhos, criando ainda um inovador método de coloração – o método tano-férrico de Salazar.
Em 1935, foi afastado da sua cátedra e do seu laboratório, impedido de frequentar a biblioteca e proibido de ausentar-se do país (por Portaria publicada em Diário da República). A acção pedagógica de Abel Salazar sobre a mocidade universitária, tinha sido considerada uma "influência deletéria". A esse respeito, Abel Salazar escreveu...
“Além dos trabalhos científicos fiz na Universidade cursos sobre a Filosofia da Arte, conferências sobre a Filosofia, onde desenvolvi um sistema de Filosofia que acabo de constatar com satisfação ser bastante próximo da Escola de Viena. Foi o desenvolvimento deste sistema filosófico que, tendo desagradado à Ditadura e ao Catolicismo, foram a causa principal da minha revogação. Mas, como a ditadura não se podia basear nesta questão, ela torneou a questão, fazendo através da sua imprensa uma campanha de difamação, etc., após a qual me demitiu sem processo nem julgamento (…). Esclareço que nunca fui político, toda a minha vida me ocupei unicamente da actividade intelectual.”
Este afastamento da Universidade, deu mais tempo a Abel Salazar para que pudesse então iniciar uma produção artística variada, que incluiu gravura, pintura (mural, a óleo de paisagens e retratos), ilustração (da vida da mulher trabalhadora e da mulher parisiense), aguarelas, desenhos, caricaturas, escultura e cobres martelados. Grande parte da sua obra artística encontra-se hoje exposta na sua Casa-Museu, em São Mamede de Infesta.
Abel Salazar morreu em Lisboa, em 1946.
O seu elogio fúnebre foi proferido pelo Dr Eduardo dos Santos Silva…
"Inteligência deslumbradora, tudo abrangendo e tudo compreendendo; sempre numa atitude de firme tolerância, que é a única arma capaz de romper os diques que a intolerância opõe à libertação do espírito; alma de generosidade espontânea, dissipando às mãos cheias os primores da Ciência e da Arte para que todos os colham e considerem seu património; Abel Salazar é figura dum transcendente humanismo, ultrapassando o tempo e o meio em que viveu."
Fernão Rinada
(caricatura publicada no blogue Humorgrafe)
Fontes de pesquisa:
Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto
Biografia de Abel Salazar (sítio da Casa-Museu Abel Salazar)
Joaquim António dos Santos Simões nasceu em Penela, em 12 de Agosto de 1923.
Foi, durante toda a sua vida, um grande dinamizador cultural.
Por volta dos seus vinte anos, iniciou-se no teatro e no associativismo académico. Colaborou na reconstituição da Filarmónica de Espinhal.
Foi também nesta altura que iniciou a sua intervenção política, participando no movimento estudantil de então, e escrevendo no Diário de Coimbra sob o pseudónimo de Argos.
Licenciou-se em Ciências Matemáticas e Engenharia Geográfica.
Foi Director, encenador, ensaiador e actor, no Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra.
Em 1948, apoiou a candidatura do General Norton de Matos, à Presidência da República.
Aos 34 anos, Santos Simões veio para Guimarães, para leccionar Matemática.
Foi fundador e dinamizador do Círculo de Arte e Recreio, do Cineclube de Guimarães, do Teatro de Ensaio Raul Brandão, da Cercigui e do Infantário Nuno Simões.
A sua intervenção política de esquerda fez com que acabasse por ser preso, em 1968, pela PIDE. Desde então, e até ao 25 de Abril, não mais o Estado Novo lhe permitiu que voltasse a leccionar.
Foi candidato pelo CDE à Assembleia Nacional, pelo círculo de Braga.
Após a revolução, participou na fundação de um novo partido de esquerda – o MDP/CDE –, integrando os seus órgãos directivos nacionais. O seu nome chegou mesmo a ser proposto para Governador Civil e para a pasta de Ministro da Educação, mas António Spínola recusou-o pelo facto de ser comunista.
Escreveu livros de intervenção política, mas também escreveu algumas peças de teatro.
Integrou a Comissão instaladora da Universidade do Minho e, em 1986, foi nomeado para o seu Senado.
Foi Presidente da Sociedade Martins Sarmento (a partir de 1990), tendo sido responsável pela instalação do Museu de Cultura Castreja (em Briteiros) e pela concretização da Casa de Sarmento (Centro de Estudos do Património).
Joaquim António dos Santos Simões faleceu em 2004, alguns dias depois de o seu nome ter sido atribuído à Escola Secundária de Veiga.
Embora não fosse natural de Guimarães, muito a cidade ficou a dever a Santos Simões. O panorama cultural da nossa cidade seria bem diferente sem a sua intervenção.
E nenhum outro dia poderia ser mais apropriado do que o 25 de Abril, para evocar a memória deste ilustre vimaranense…
Fernão Rinada
(caricatura publicada nos blogues Depois Falamos, Humorgrafe e Memórias de Araduca)
Fontes de pesquisa:
Alfredo Augusto Lopes Pimenta nasceu em Guimarães, no dia 3 de Dezembro do ano de 1882.
Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra.
Foi conservador do Arquivo Nacional da Torre do Tombo e, a partir de 1931, Director do Arquivo Municipal de Guimarães. Foi sócio fundador do Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia, e da Academia Portuguesa da História.
Alfredo Pimenta foi um político activo e muito polémico. Inicialmente anarquista, foi depois republicano, e mais tarde monárquico convicto… e “doutrinador”.
Tornou-se um acérrimo defensor do salazarismo, do fascismo e do nazismo.
Apesar da sua relação muito próxima com Salazar, nunca Alfredo Pimenta perdeu o seu sentido crítico, o que fica bem demonstrado pelas frequentes críticas que tecia ao Estado Novo, extremamente incisivas e, por vezes, até violentas.
Foi um político teórico extremamente polémico, mas foi essencialmente um notável historiador. O seu trabalho mais importante foi desenvolvido na investigação da História do período Medieval.
Alfredo Pimenta era um apaixonado pela sua cidade. Escreveu assim, acerca da nossa terra…
“Quando o pequenino, liliputiano comboio chega ao Cavalinho, desdobra-se, quase de improviso, diante dos nossos olhos, em anfiteatro, a paisagem sintética de Guimarães, - a minha querida, a minha adorada terra. Lá em cima, enegrecido do Tempo e da Saudade, o Castelo, altaneiro, vigilante, sentinela robusta e leal, é a página do Passado heróico, combativo, audaz. Cá em baixo, perto de nós, chaminés fumegantes de fábricas ruidosas são a página do futuro progressivo, transformador, e misterioso. Espalhadas na paisagem citadina, rompendo do amontoado das casas, as torres das igrejas são a página da Fé eterna. E para a esquerda, aquela mancha acinzentada, e para a direita certo convento solitário, ou, melhor, para a esquerda, a Sociedade de Martins Sarmento, e para a direita o Convento da Costa são os indicativos das preocupações intelectuais da minha terra.”
Este ilustre vimaranense era também um poeta, tendo sido autor de dois livros de poesia.
Alfredo Pimenta faleceu em 1950.
Dois anos depois da sua morte, o Arquivo Municipal passou a designar-se Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, em virtude da sua longa ligação a esta instituição, mas principalmente como reconhecimento pela sua notoriedade, enquanto historiador, político e poeta.
Foi afinal a homenagem que se impunha…
Fernão Rinada
(caricatura publicada nos blogues Humorgrafe e Memórias de Araduca)
Fontes de pesquisa:
“Um dia, sem sabermos bem porquê, vemo-nos impelidos por uma corrente que determina o nosso percurso.”
Alberto Sampaio
Alberto da Cunha Sampaio nasceu em Guimarães, no dia 15 de Novembro de 1841.
Estudou em Vila Nova de Famalicão, em Braga e licenciou-se em Direito, na Universidade de Coimbra.
Em 1869, integrou a filial de Guimarães da Associação Arqueológica de Lisboa. Em 1873, foi um dos fundadores da Companhia dos Banhos de Vizela, subscrevendo, no ano seguinte, o contrato para o aproveitamento das nascentes das águas medicinais de Vizela e para a construção do estabelecimento de banhos.
Esteve intimamente ligado à fundação da Sociedade Martins Sarmento, tendo sido proclamado seu sócio honorário, em 1891.
Alberto Sampaio foi a alma mater da Grande Exposição Industrial de Guimarães (1884), promovida pela mesma Sociedade Martins Sarmento.
Tentou então enveredar por uma carreira política, apresentando-se como candidato a deputado pelo Círculo de Guimarães. No entanto, perdeu essa eleição para João Franco, com apenas 3% dos votos. Em 1892, recusou o lugar de deputado, dizendo…
"Céptico, excêntrico, cada vez mais separado do mundo, nada tenho que fazer em Lisboa, como representante de quaisquer eleitores"
Em 1887, colaborou com Oliveira Martins no Projecto de Lei de Fomento Rural.
Mas foi como historiador que Alberto Sampaio mais se notabilizou.
Foi pioneiro da história económica e social, sendo autor dos primeiros estudos de história agrária em Portugal, com a publicação do primeiro artigo da série “A propriedade e a cultura do Minho” (na Revista de Guimarães, em 1885) a que deu continuidade, mais tarde, com obras como “As vilas do Norte de Portugal”. Alberto Sampaio deu ainda um forte impulso aos estudos sobre o desenvolvimento marítimo, ao escrever textos como “O Norte marítimo” e “As Póvoas Marítimas do Norte de Portugal”.
No início de 1900, após as mortes de Martins Sarmento e do seu irmão (José Sampaio), retirou-se para a sua casa de Famalicão, onde viria a falecer em 1908, com 67 anos de idade.
Em 1923, Luís de Magalhães publicou o essencial da sua obra científica, numa colectânea em dois volumes – “Estudos Históricos e Económicos”.
A importância do trabalho desenvolvido por Alberto Sampaio foi reconhecida pela sua cidade, que resolveu atribuir o seu nome a uma das suas principais avenidas, e também ao Museu que inaugurou no ano de 1928. Alberto Sampaio tem um monumento, erigido em sua honra e memória, no largo dos Laranjais.
Braga resolveu também prestar-lhe homenagem, dando o nome de Alberto Sampaio a uma das suas escolas secundárias, e Vila Nova de Famalicão fez o mesmo em relação ao seu Arquivo Municipal.
O etnógrafo Luís Chaves disse a seu respeito que…
“foi um historiador completo. Escreveu a História com arte e imaginação”
Alberto Sampaio deu uma nova perspectiva ao modo de escrever a História. A esse respeito, escreveu Jaime de Magalhães Lima…
“Grandes individualidades puderam formar e reger grandes governos, mas só a grandeza dos povos significará e alimentará a grandeza das nações. O primeiro acto de uma nova e mais justa concepção da história nacional será libertar-nos do fetichismo das individualidades e contemplarmos as energias da grei, tal qual aprendemos na lição magnífica que Alberto Sampaio nos legou”…
Fernão Rinada
(caricatura publicada nos blogues Humorgrafe e Memórias de Araduca)
Fontes de pesquisa:
Alberto Sampaio, notas biográficas
Raul Germano Brandão nasceu no Porto, a 12 Março 1867.
Com 24 anos de idade, entrou para a Escola do Exército, dando início a uma carreira militar, aparentemente mais imposta do que propriamente desejada.
Nas suas Memórias, Raul Brandão escreveu...
“Na Escola do Exército ensinavam, no meu tempo, coisas inúteis que me deram mais trabalho a esquecer que a aprender”
Na realidade, a carreira militar não se adequava à sua natureza pacífica e contemplativa, mas a vontade do pai e o desejo de sua mãe de o ver garbosamente uniformizado, prevaleceram.
No registo das provas que prestou em 1893, no Regimento de Infantaria nº 6 (no Porto), figuram as seguintes elucidativas classificações...
“Tiro: atirador de 2ª classe; ginástica: medíocre; esgrima: medíocre”
A verdade é que foi graças ao serviço militar que conheceu a sua futura mulher quando, em 1896, Raul Brandão foi colocado no Regimento de Infantaria nº 20, em Guimarães.
A sua paixão por Maria Angelina foi de tal maneira arrebatadora que no ano seguinte já estava casado.
Durante a sua vida, manteve duas carreiras paralelas – a de militar e a de jornalista –, mas foi como escritor que o seu nome ficou conhecido para a posteridade.
A sua carreira militar levou-o a Lisboa, até que em 1912, com 45 anos de idade, se reformou no posto de Major, dando início à fase mais profícua da sua actividade literária.
Foi na Casa do Alto, em Nespereira (Guimarães), que Raul Brandão conseguiu a inspiração necessária para escrever a maior parte da sua obra.
Em 1917, escreveu aquela que é considerada a sua obra-prima – "Húmus" –, dedicada ao seu amigo Columbano Bordallo Pinheiro.
Em 1923, escreveu “Os Pescadores”, que deveria ser o primeiro de quatro volumes de uma série a que pretendia dar o nome de "A História Humilde do Povo Português". Os outros três volumes, porém ("Os Lavradores", "Os Pastores", "Os Operários"), nunca chegaram a ser escritos.
Em 1926, escreveu “As ilhas desconhecidas”, obra que na altura deu uma enorme visibilidade ao arquipélago dos Açores.
Raul Brandão faleceu em 1930, com 63 anos de idade.
Em homenagem a este escritor, a Biblioteca Municipal de Guimarães tem o seu nome…
Fernão Rinada
(caricatura publicada nos blogues Humorgrafe e Memórias de Araduca)
Fontes de pesquisa:
Francisco Martins de Gouveia Morais Sarmento, arqueólogo e escritor, nasceu em Guimarães, no dia 9 de Março de 1833.
Estudou latim no Colégio da Lapa (no Porto) e, com apenas quinze anos, foi para Coimbra onde veio a concluir o bacharelato em Direito, tinha então 20 anos.
Das obras literárias que escreveu, salientam-se Os Lusitanos (1880), Ora Marítima (1880) e Os Argonautas (1887).
Em 1854, como Velho Nicolino que também foi, escreveu o Pregão desse ano (ver aqui).
Martins Sarmento foi o responsável pelo estudo de vários castros e citânias do Norte de Portugal, sendo o seu estudo mais relevante aquele que efectuou sobre a citânia de Briteiros e o castro de Sabroso.
Francisco Martins Sarmento tinha o sonho de fazer a descrição arqueológica de toda a região de Entre Douro e Minho, mas esse foi, no entanto, um projecto que nunca conseguiu concretizar, muito embora tenha deixado um vasto espólio constituído por milhares de páginas de notas manuscritas, onde estão registados os materiais recolhidos nas suas inúmeras expedições.
Foi igualmente importante a sua actividade como fotógrafo, iniciada em 1868. Pioneiro da fotografia de carácter científico, deixou centenas de negativos em vidro, na sua maior parte e como não podia deixar de ser, sobre arqueologia.
Em 1882, um grupo de vimaranenses ilustres, em homenagem ao sábio arqueólogo, criou a Sociedade Martins Sarmento, que estabeleceu como seu principal propósito o fomento da instrução popular, desenvolvendo desde logo uma importante acção de dinamização cultural.
Alberto Sampaio, outro ilustre vimaranense, descrevia assim o seu amigo…
“Alto, magro, de cabelos pretos retintos, a tez morena, o passo apressado, destacava-se em qualquer grupo, à primeira vista. Fisiologicamente um nervoso, falando por meias palavras, rápido e breve no discurso, como um homem que não pode desperdiçar o tempo, às vezes custava a perceber. A sua conversação usual, tocando aqui e ali a fugir, entrecortada de ditos alegres ou picantes, se carecia de atracção enlevadora, transbordava de típica graça portuguesa”
Quando, em 1875, Martins Sarmento iniciou o estudo da Citânia de Briteiros, o universo dos castros era uma incógnita e a arqueologia portuguesa dava os seus primeiros passos.
O povo é que muitas vezes não conseguia compreender a importância do seu trabalho e, na sua simplicidade, dizia (comentário registado no seu diário)…
“Em vez de gastar tanto dinheiro a tombar pedras e a revolver montes, maior proveito tiraria o Sr. Sarmento se legasse o que aqui desperdiça para que lhe fossem rezadas missas pela sua alma, quando morrer”
Martins Sarmento foi um dos pioneiros na utilização da fotografia como novo método de registo dos achados arqueológicos, substituindo assim o desenho.
As fotografias que tirou estiveram na origem da arqueologia científica em Portugal.
Aliás, a divulgação da Citânia de Briteiros está intimamente associada à fotografia. Na verdade, será através de dois álbuns fotográficos, que o arqueólogo vimaranense vai divulgar os resultados das suas pesquisas.
Correspondeu-se o sábio vimaranense com muitas das figuras mais ilustres do seu tempo, e o seu nome figura hoje em muitos tratados de arqueologia clássica.
Escrevia Alberto Sampaio a esse respeito…
“Homens distintos e vulgares, especialistas superiores ou simples amadores de arqueologia e folclore, recebia-os com urbanidade e agrado. Raro seria o forasteiro qualificado que viesse a Guimarães e o não procurasse”
É exactamente na sequência desta relação privilegiada com os seus pares que, em 1887, se realiza em Guimarães a primeira reunião científica de arqueologia, em Portugal.
Antes de morrer, em 1899, legou à Sociedade Martins Sarmento os milhares de livros da sua biblioteca, bem como todo o seu espólio científico, constituído em grande parte por peças arqueológicas.
Alberto Sampaio, que assistiu à sua morte, descreve assim os últimos momentos de Martins Sarmento…
“Regressando de Briteiros em 19 de Junho de 1899 quase saiu da carruagem para a cama. Cortado de dores que o imobilizavam numa única posição, sem palavras de lamentação ou de amargura, viu a doença aumentar dia a dia com a impassibilidade estóica dos fortes, até que em 9 de Agosto sucumbiu à hora e meia da tarde. Mas pouco antes, quando a morte se debruçava sobre a fronte a dar-lhe o beijo da eterna paz, estendendo o braço emagrecido sobre a dobra do lençol, e dispondo a mão, como se tivesse uma pena, fazia o jeito de escrever, de quem escrevia freneticamente. Que pensamentos que tanto quis e não pôde exprimir lhe revolveriam o cérebro agonizante? E assim acabou, agitado num turbilhão de ideias, sem conhecer a velhice intelectual, quem passara um quarto de século a procurar raios de luz, que iluminassem as trevas do passado”
Fernão Rinada
(caricatura publicada nos blogues Memórias de Araduca e Humorgrafe)
Fontes de pesquisa:
Francisco de Gouveia Martins Sarmento. Em Arqueo.org.
Francisco Martins Sarmento, Esboço da sua Vida e Obra científica. Mário Cardozo.
Francisco Martins Sarmento. Em Infopédia.
Escola Secundária Martins Sarmento. História e Patrono.
O pregão de 1854, pelo nicolino Francisco Martins Sarmento, em Memórias de Araduca.
Este cartoon de Miguel Torga, participou no XI Salão Luso-Galaico de Caricatura de Vila Real (Torga ou a Poética da Vida), no ano de 2007.
O cartoon inspira-se no seu apego pela terra onde nasceu (Trás-os-Montes).
O próprio pseudónimo que escolheu simboliza esse apego. "Torga" é uma planta silvestre que lança fortes raízes num solo árido...
Esta é a primeira de quatro caricaturas de escritores famosos, que se destinam a ser utilizadas como marcadores de livros de que são autores...
Escritor checo, natural da cidade de Praga, foi autor de obras como a Metamorfose e o Processo...
Mais um marcador de leitura. Este, é referente a Camilo Castelo Branco...
(caricatura publicada n'O Comércio do Porto)
(caricatura publicada n'O Comércio do Porto)
(caricatura publicada n'O Comércio do Porto)
“Cheio de Deus, não temo o que virá, pois, venha o que vier, nunca será maior do que a minha alma”
Fernando Pessoa
Esta caricatura de Alexandre Herculano foi a primeira publicação dos meus trabalhos.
O desenho surgiu num suplemento semanal juvenil d'O Comércio do Porto - o Pirilim.
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