Abel Salazar (1889-1946)
Médico e Artista Plástico
Abel Salazar nasceu em Guimarães e formou-se em Medicina. Notabilizou-se na área da Histologia, com a invenção do “método de coloração tano-férrico de Salazar”, ainda usado nos dias de hoje.
Abel Salazar também se notabilizou na escrita e nas artes plásticas, nas disciplinas de desenho (retratos, caricaturas), pintura (óleo, aguarela, gravura), cobres martelados e ainda... na escultura...
Publicação anterior:
(1) João Cid dos Santos
“O médico que só sabe de Medicina, nem de Medicina sabe”
Abel Salazar
Abel de Lima Salazar nasceu em Guimarães, no dia 19 de Julho de 1889.
O seu pai trabalhava como secretário e bibliotecário na Sociedade Martins Sarmento, era professor de Francês na Escola Industrial Francisco de Holanda e escrevia na "Revista de Guimarães".
Abel Salazar completou a escola primária e fez parte dos estudos liceais no Seminário-Liceu, onde foi colega de Manuel Gonçalves Cerejeira, futuro Cardeal Patriarca.
Com a exclusão do Francês dos curricula escolares, a família teve de se mudar para o Porto.
Abel Salazar foi sempre um contestatário – republicano em tempo de monarquia, e democrata em tempo de ditadura. Inspirado pelo momento político, publicou com outros estudantes, um jornal escolar de pendor republicano ("O Arquivo"), que reflectia, não só os seus interesses pelos ideais revolucionários, mas também as suas aptidões artísticas, uma vez que aí desenhou caricaturas de colegas e professores.
Em 1909, matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, provavelmente por influência familiar, pois mais tarde confessaria que o seu desejo era mesmo a Engenharia Civil. Com o facto, perdeu a Engenharia e ganhou a Medicina. Obteve o seu diploma em 1915, com a apresentação da tese "Ensaio de Psicologia Filosófica", com a classificação final de vinte valores.
Com 30 anos, Abel Salazar foi nomeado Professor Catedrático de Histologia e Embriologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Fundou o Instituto de Histologia e Embriologia desta Universidade. Como investigador, foi autor de vários trabalhos, criando ainda um inovador método de coloração – o método tano-férrico de Salazar.
Em 1935, foi afastado da sua cátedra e do seu laboratório, impedido de frequentar a biblioteca e proibido de ausentar-se do país (por Portaria publicada em Diário da República). A acção pedagógica de Abel Salazar sobre a mocidade universitária, tinha sido considerada uma "influência deletéria". A esse respeito, Abel Salazar escreveu...
“Além dos trabalhos científicos fiz na Universidade cursos sobre a Filosofia da Arte, conferências sobre a Filosofia, onde desenvolvi um sistema de Filosofia que acabo de constatar com satisfação ser bastante próximo da Escola de Viena. Foi o desenvolvimento deste sistema filosófico que, tendo desagradado à Ditadura e ao Catolicismo, foram a causa principal da minha revogação. Mas, como a ditadura não se podia basear nesta questão, ela torneou a questão, fazendo através da sua imprensa uma campanha de difamação, etc., após a qual me demitiu sem processo nem julgamento (…). Esclareço que nunca fui político, toda a minha vida me ocupei unicamente da actividade intelectual.”
Este afastamento da Universidade, deu mais tempo a Abel Salazar para que pudesse então iniciar uma produção artística variada, que incluiu gravura, pintura (mural, a óleo de paisagens e retratos), ilustração (da vida da mulher trabalhadora e da mulher parisiense), aguarelas, desenhos, caricaturas, escultura e cobres martelados. Grande parte da sua obra artística encontra-se hoje exposta na sua Casa-Museu, em São Mamede de Infesta.
Abel Salazar morreu em Lisboa, em 1946.
O seu elogio fúnebre foi proferido pelo Dr Eduardo dos Santos Silva…
"Inteligência deslumbradora, tudo abrangendo e tudo compreendendo; sempre numa atitude de firme tolerância, que é a única arma capaz de romper os diques que a intolerância opõe à libertação do espírito; alma de generosidade espontânea, dissipando às mãos cheias os primores da Ciência e da Arte para que todos os colham e considerem seu património; Abel Salazar é figura dum transcendente humanismo, ultrapassando o tempo e o meio em que viveu."
Fernão Rinada
(caricatura publicada no blogue Humorgrafe)
Fontes de pesquisa:
Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto
Biografia de Abel Salazar (sítio da Casa-Museu Abel Salazar)
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