Os Mouros do Bairro de Benfica estavam angustiados por não conhecerem ainda suficientemente bem o terreno onde iriam ter de enfrentar um inimigo que sempre os assustou. Foi por isso que decidiram enviar o seu principal estratega, disfarçado, para fazer esse reconhecimento. A fantasia que foi escolhida para o efeito, foi a de Arlequim. Acreditavam eles que, disfarçando-o de tolo, esconderiam melhor a sua identidade.
Foi então o agora Arlequim abordar a sentinela de serviço à Porta da Vila, dirigindo-se-lhe nestes termos…
- Vai a correr ter com o Castelão e diz-lhe que o meu Senhor, o Grão-Vizir Carlos Lisboa, Senhor de todos os Souks e Bazaares do Bairro de Benfica, e amigo pessoal do Xeique Khadafi, Senhor de todos os Pneus e Rodas de Carroça do Mundo Árabe, está acampado a menos de uma légua daqui, e que exige ser recebido na noite da próxima sexta-feira, no Castelo, com toda a pompa e circunstância que lhe são devidas.
A sentinela a quem ele se dirigia, era afinal um dos dois Capitães-da-Guarda da cidade. Dom Francisco, o Oliveira, conhecido Vimaranense e Vitoriano dos sete costados, esboçando um sorriso pela fanfarronice do Arlequim, respondeu-lhe assim…
- Vai então dizer ao teu Senhor que Dom Fernando, o Castelão de Guimarães, não recebe Mouros de espécie nenhuma. Nem que fosse o próprio Saladino, ressuscitado e em pessoa…
Surpreendido pela ousadia da sentinela, o Arlequim disse-lhe…
- Não recebe? Como ousa ele não me receber… hum… quero dizer… como ousa não receber o meu Senhor? Os nossos amigos vermelhos aqui da cidade não irão tolerar tamanha afronta. Por certo hão-de revoltar-se…
O ridículo da situação era tanto, que Dom Francisco não foi mais capaz de manter a sua pose marcial. Explodindo numa sonora gargalhada, respondeu-lhe…
- Amigos vermelhos, aqui???? Olha que te enganaste na cidade. Talvez se tentares o enclave Marroquino... mas esse fica a 20km naquela direcção, do lado de lá da Morreira. Aí é que há muitos. Aqui não! Nem azuis, nem verdes, e muito menos vermelhos. Olha… de azul, a única coisa que temos é a bandeira da cidade, o céu e a água dos tanques e dos fontanários. De verde, só mesmo as árvores e a relva dos jardins. E de vermelho… só os telhados das nossas casas.
Entretanto, e desde que tinha chegado à Porta da Vila para interpelar Dom Francisco, o Arlequim não parava um segundo. Frenético, executava uma dança que tinha tanto de bizarra como de familiar. Intrigado, Dom Francisco perguntou-lhe…
- Ouve lá, ó Arlequim, mas o que é que tu estás p'raí a fazer, sempre aos saltos, de perna alçada e a apontar para o rabo? Conta-se que um dia o teu Senhor também foi visto a fazer essas palhaçadas. Julgo que foi há 2 anos no covil do Dragão, quando foi lá vencer as Batalhas Finais dessa época. Nunca ninguém soube ao certo o que é que ele queria dizer com isso. Uns diziam que era um insulto e uma provocação, e os outros, os mais maldosos, que era um pedido, assim uma espécie de esperança, percebes? Isso agora é moda lá no bairro, é?
E o Arlequim respondeu-lhe, sempre aos saltos...
- Não é moda. Isto é a Dança Tradicional lá do Bairro, assim uma espécie de Haka que usamos para assustar os nossos inimigos. Quando dançamos todos ao mesmo tempo, é verdadeiramente assustadora. Fui... hum... quero dizer... foi o meu Senhor que a criou há 2 anos, tal como dizes.
Dom Francisco encolheu os ombros e continuou muito pausadamente, para se assegurar de que o Arlequim compreendia exactamente aquilo que ele lhe estava a dizer…
- Vá, vai dizer ao teu Senhor que será aí, nesse mesmo sítio para onde tanto apontas, que ele há-de levar um valente pontapé do Castelão, se for apanhado a tentar entrar na cidade. Tão forte, tão forte, que se isso vier a acontecer, nem precisa de se preocupar mais com o regresso ao bairro. Só precisa mesmo é de se preocupar com a forma como lá vai aterrar. Diz ao teu Senhor que Dom Fernando lhe manda dizer que, para ele, as portas da muralha hão-de ser sempre serventia do Castelo…
José Rialto
BIBLIOGRAFIA
Um percurso pelas Muralhas de Guimarães. Miguel Bastos. Novembro, 2013.
Dança Tradicional do Bairro de Benfica (Lisboa)
(ver o momento da sua criação, aos 45" deste vídeo)
Francisco Manuel Gomes Oliveira nasceu em Guimarães, no dia 24 de Fevereiro de 1988.
Francisco Oliveira fez toda a sua carreira de basquetebolista em Guimarães.
Fez a sua formação no BCG (Basquete Clube de Guimarães) e concluiu-a no Vitória.
Como sénior, apenas defendeu as cores do Vitória.
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