"Esse José Sampaio, de olhar melancólico, testa alva e altíssima, donde saíam abundantes cabelos de ébano, com o rosto ornado de fina e formosa barba negra, (…) era dotado de uma clara inteligência e de um espírito muito ponderado."
Augusto Pinto Osório (Pedro Eurico)
José da Cunha Sampaio nasceu em Guimarães, a 5 de Fevereiro de 1841.
Nove meses depois nasceu o seu único irmão - Alberto (Sampaio).
José e Alberto foram contemporâneos em Coimbra, onde estudaram Direito. José esteve suspenso durante dois anos, por ter participado na agressão a um caloiro. Cumprido o castigo, em 1861 retomou os seus estudos universitários. Juntamente com outras figuras da altura (nomeadamente Antero de Quental e Eça de Queirós), os dois irmãos integraram uma sociedade secreta que tinha o intuito de derrubar o então Reitor. O regime disciplinar austero e implacável a que ele obrigava toda a Academia, e que já remontava aos tempos do Marquês do Pombal, não podia ser mais tolerado, e a Sociedade do Raio tinha sido criada exactamente para lhe pôr um fim. Com alguns sucessos relativos (embora nunca tivessem chegado a conseguir a destituição do Reitor), esta sociedade acabou por se reorganizar numa outra de cariz maçónico - a Loja Reforma -, da qual José Sampaio foi o seu primeiro Venerável Mestre. Foi membro do Conselho e Secretário-Geral da Academia Dramática. Ainda antes de concluir a sua licenciatura em 1865, José Sampaio participou no movimento de contestação académica que ficou conhecida pela Rolinada.
Regressou a Guimarães onde veio a desenvolver toda a sua actividade de Advogado.
Em 1868 casou com Maria José de Carvalho Leal e Sousa, de quem veio a ter dois filhos - António Vicente e Maria Henriqueta.
José Sampaio dedicou-se também à vitivinicultura com apreciável sucesso, a avaliar pelo grande quantidade de distinções e medalhas conquistadas pelo seu vinho (Casa Boamense), e também pela carta que na altura o seu amigo Antero de Quental lhe escreveu...
"Já libei os teus néctares minhotos. Como originalidade ponho o clarete acima de tudo : criaste nele um tipo. Ao seco acho-o seco de mais e, no género fino, prefiro-lhe o bastardo. O outro, que não traz nome, também me agrada. Em conclusão : como tipo ponho o clarete em 1º lugar e ponho em último o seco - que ainda se bebe com gosto. De tudo vou libando e degustando, mas não segundo o teu programa, que parecia feito para uma mesa de epicurista ! Ora a minha é monacal."
Sobre a sua actividade profissional, destaca-se o papel relevante que desempenhou no caso do Juíz Seco. Já a título póstumo, Domingos Leite Castro escreveu assim na Revista de Guimarães (em 1900)...
"A grande glória do artista, do profissional, é ser exímio na sua arte, na sua profissão; essa glória teve-a José Sampaio, dizem os entendidos, dizem todos aqueles que uma vez lhe entregaram os seus interesses ou a sua honra."
José Sampaio foi um dos fundadores da Sociedade Martins Sarmento e seu primeiro Presidente (1881-1883). Foi reeleito por mais duas vezes (1885-1887 e 1896-1898).
Foi instituído irmão da Ordem Terceira de S. Francisco, por serviços prestados (1885), irmão da Ordem de S. Torquato (1894) e nomeado membro do Definitório da Santa Casa da Misericórdia (1899).
José da Cunha Sampaio morreu no dia 15 de Setembro de 1899.
"... na muita agitada e já longa vida desta sociedade quer nos dias calmos e felizes quer nos momentos excitados de atribuladoras dificuldades, era a palavra quente e amiga do Dr. José Sampaio que sempre em primeiro lugar se fazia ouvir nesta casa ou a festejar-lhe os triumphos e as alegrias ou a encorajá-la nas horas tristes dos desalentos."
excerto da Acta da sessão extraordinária da Sociedade Martins Sarmento (15 Setembro 1899)
O nome de José Sampaio foi atribuído a uma das três ruas que ligam entre si as Avenidas Alberto Sampaio e Cónego Gaspar Estaço. A Rua Doutor José Sampaio é a que fica mais a Sul, e a maior dessas três (as outras duas são a Rua Abade de Tagilde e a Rua Palácio da Justiça).
Fernão Rinada
Fontes de pesquisa:
UM OLHAR SOBRE JOSÉ SAMPAIO, Exposição Bio-biblo-iconográfica
José Sampaio, da Sociedade do Raio à Loja Reforma (Memórias de Araduca)
A Questão do Seco (Memórias de Araduca)
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